#19 sendo turista na minha própria cidade
sobre a obsessão com achar significado em tudo e cafés especiais em curitiba
sabe uma coisa que tem me incomodado ultimamente? eu sinto que tudo precisa ter um motivo. uma lição de moral, uma conclusão satisfatória ou, no mínimo, uma reflexão sobre o assunto. eu entendo que isso é uma insistência minha e é o jeito que a minha cabeça funciona, mas continua me incomodando que no momento eu não tenho reflexão nenhuma para fazer. eu não quero decifrar nada, não quero entender como isso fez eu me sentir e acho que, por enquanto, prefiro guardar essas conclusões para a próxima sessão de terapia. autoconhecimento? não, obrigada. no momento eu gostaria de me conhecer menos. se parece dramático, é porque eu sou uma pessoa dramática mesmo.
como isso se conecta com a ideia de ser turista na própria cidade? bom, não se conecta. é que eu estou tentando escrever esse texto desde que voltei de curitiba e não consigo, porque sinto que falta alguma reflexão bonita no final. que reflexões eu posso fazer sobre voltar como turista para a cidade que eu morei por três anos? provavelmente inúmeras, mas eu não quero pensar nisso agora. eu queria só escrever sobre ir em cafés superfaturados em paz, mas a maldição do autoconhecimento recaiu sobre mim justamente agora. enfim, vamos falar de coisa boa: o que eu comi e bebi nessa (curta) viagem.
eu menti para vocês. desculpa. na verdade eu só quero falar sobre café. você sabia que curitiba é a capital nacional dos cafés especiais? com todo respeito à cidade que eu escolhi morar (pelo menos por um tempo), mas eu chutaria umas trinta cidades antes de chutar curitiba. aparentemente, o curitibano tem um apreço por cafeterias especiais tão grande que se traduziu em uma micro torrefação por esquina. não que eu esteja reclamando, óbvio — eu amo tomar café e amo ir em cafés superfaturados. amo mais ainda quando os cafés têm história e vida própria, quando no cardápio tem um coado do dia, para pedir grãos diferentões com um precinho mais camarada, e amo sentar no balcão para ficar ouvindo as fofocas dos baristas.
ainda não acredita em mim? pois bem: não sei como é na sua cidade, mas em todo lugar que eu vou (seja curitiba, floripa, jaraguá, joinville ou blumenau) tem um the coffee, go coffee, mais1café e derivados esperando para me cobrar dez reais em um americano. sabe o que todos esses cafés têm em comum além dos preços absurdos? exatamente. todos eles nasceram em curitiba. sim, até o the coffee que parece gringo (ou pelo menos, paulista). queria muito ter mais informações sobre esse fenômeno de microcafeterias curitibanas, mas continuo achando só informações em nível nacional. alô donos de café de curitiba e região, me contem seus segredos!
isso tudo para dizer que toda vez que eu vou para curitiba, eu faço questão de tomar um bom café superfaturado em algum lugar. meu queridinho é o manana, que eu já até mencionei em um dos primeiros textos da newsletter — mas fui no supernova esses tempos para curar minha primeira impressão ruim deles com um coado do dia que estava divino, no royalty, que segue tendo um atendimento bem ok e sendo caro demais para o meu bolso, e fui de novo no manifesto café, que eu sempre falo que nunca mais volto e sempre acabo voltando (em minha defesa, é do lado da itiban e eu amo ir lá ver as zines). queria muito ter ido visitar a srta emily doces, a nossa diva do centro, mas acabou não dando tempo, fica para a próxima (em tom de ameaça).
também deu tempo de conhecer o penelope novo, do ladinho da prudente, no caminho para o lugar novo do portal kirin — um bar muito quem sabe, sabe que eu já tinha ido uma vez no outro endereço e tinha sido uma experiência muito doida, que envolvia interfonar para pedir para entrar e subir três lances de escada. é meu prazer afirmar que o bar novo tem exatamente as mesmas vibes malucas do anterior (e eles também são um estúdio de tatuagem durante o dia, aparentemente).
bom. qual o significado de tudo isso? não sei dizer. talvez seja que visitar cidades que você já morou é quase mais legal do que conhecer um lugar novo, já que você consegue revisitar lugares que sempre gostou, além de conhecer lugares novos. talvez seja que eu sinto falta de curitiba e do mundinho que eu construí ali, no primeiro lugar que eu morei sozinha (nada a comentar, será assunto de terapia). talvez que o sentido da vida seria tomar cafés superfaturados com as pessoas que você ama. mas talvez o sentido real de tudo isso, desse texto inteiro e de todas as minhas aflições nos últimos tempos é que nem tudo precisa ter sentido. acho que eu preciso ficar mais em paz com essa ideia, sabia?
obrigada por ter lido esse texto caótico até o fim! ele ficou meio sem pé nem cabeça, meio fluxo de consciência misturado com sessão de terapia — mas eu gostei muito de escrever ele, e eu espero que você tenha gostado de ler também :)
três coisinhas dessa semana:
⟶ o murilo me mostrou a série mulheres ricas e eu admito que estou meio obcecada com as socialites da alta sociedade de 2012. elas são tão bregas… e tão divas… tudo ao mesmo tempo… isso que é entretenimento de verdade, aprendam com a band
⟶ para a surpresa de zero pessoas, comecei a assistir gilmore girls de novo. eu amo falar mal da rory e das escolhas horríveis da lorelai e, mesmo sendo a quinquagésima vez que eu vejo a série, ainda amo assistir como se fosse a primeira vez. é a série mais gostosinha do mundo, perfeita pra assistir agora que o tempo tá dando uma esfriadinha
⟶ o álbum novo da marina sena, coisas naturais, tá impecável!!!!! sério, não sai do meu fone o dia inteiro. nossa diva até tenta ser subcelebridade, mas não consegue evitar lançar obras-primas em formato de disco… amamos ver
tambem to revendo Gilmore Girls (pela quinta? vez) e meu deus eu ainda me supreendo com as escolhas da Lorelai toda vez haha
como eu amodeio a minha cidadezinha curitiba 🩷🩷🩷